A dor neuropática é uma das dores mais complexas e desafiadoras da medicina.
Ela não nasce nos músculos nem nas articulações ela nasce nos nervos.
É uma dor que o próprio sistema nervoso cria e mantém, mesmo quando a causa inicial já foi tratada.
Muitos pacientes me procuram em São Paulo dizendo: “Doutora, já operei, já tratei, mas a dor continua.”
E na maioria das vezes, estamos diante de uma dor neuropática.
O que é dor neuropática
A dor neuropática ocorre quando há uma lesão ou disfunção no sistema nervoso, seja ele periférico (nervos fora do cérebro e medula) ou central (cérebro e medula espinhal).
É como se os cabos elétricos que transmitem os sinais do corpo ao cérebro começassem a enviar mensagens erradas, sinais de dor sem motivo aparente.
As causas mais comuns incluem:
- Lesões nervosas após cirurgias ou traumas;
- Diabetes (neuropatia diabética);
- Herpes zoster (neuralgia pós-herpética);
- Doenças autoimunes;
- Acidentes vasculares cerebrais (AVC);
- Compressões nervosas crônicas, como hérnias de disco.
O resultado é uma dor persistente, em queimação, formigamento, choques elétricos ou hipersensibilidade.
Mesmo um toque leve pode causar um incômodo intenso.
Por que os analgésicos comuns não funcionam
O maior erro no manejo da dor neuropática é tratá-la como dor comum.
Analgésicos tradicionais, anti-inflamatórios e relaxantes musculares raramente trazem alívio duradouro, porque atuam em receptores diferentes daqueles envolvidos na dor neuropática.
Essa dor está relacionada a alterações nos neurônios e nos neurotransmissores que regulam a percepção da dor.
O cérebro, em vez de “desligar” o sinal, mantém o sistema ativado.
Por isso, é necessário utilizar medicamentos e terapias que modulam o sistema nervoso central, e não apenas combatem a inflamação.
Como o sistema endocanabinoide ajuda a modular a dor
Dentro do nosso corpo existe um sistema chamado endocanabinoide, responsável por manter o equilíbrio de várias funções: dor, sono, humor, apetite e resposta imune.
Esse sistema atua como um “freio natural” do sistema nervoso.
Quando há dor neuropática, esse freio muitas vezes não funciona bem, e é aí que a cannabis medicinal se torna uma aliada poderosa.
Os compostos da planta, especialmente o CBD (canabidiol), se ligam a receptores endocanabinoides e reduzem a excitabilidade dos neurônios, diminuindo a sensação de dor.
Além disso, o THC, em doses controladas, potencializa o efeito analgésico e relaxante.
O uso da cannabis não substitui outros tratamentos, mas complementa a abordagem médica, oferecendo alívio real e melhoria na qualidade de vida.
Neuroestimulação e terapias associadas
Além da cannabis medicinal, há outras ferramentas eficazes no controle da dor neuropática, como:
1. Ondas de choque (Shockwave Therapy)
Em casos de dor neuropática periférica (como nas pernas ou mãos), o tratamento com ondas de choque pode melhorar a microcirculação e estimular a regeneração nervosa, reduzindo o desconforto.
2. Fisioterapia neural
Movimentos suaves e técnicas específicas ajudam a liberar compressões nervosas e melhorar a condução elétrica dos nervos.
3. Neuroestimulação elétrica transcutânea (TENS)
Utiliza pequenas correntes elétricas que competem com o sinal de dor, diminuindo a percepção dolorosa no cérebro.
Essas terapias, combinadas de forma personalizada, potencializam o resultado do tratamento médico.
O papel das emoções e do sono
A dor neuropática não afeta apenas o corpo.
Ela consome energia mental, interfere no sono e muitas vezes leva à ansiedade e depressão.
Dormir mal aumenta a sensibilidade à dor, e o estresse amplifica a resposta nervosa.
Por isso, em muitos casos, o tratamento inclui suporte emocional e ajustes no estilo de vida, como melhorar a qualidade do sono e reduzir fatores de estresse.
Abordagem personalizada: cada dor é única
Nenhum caso de dor neuropática é igual ao outro.
Cada paciente responde de forma diferente, por isso o tratamento precisa ser individualizado, combinando medicamentos, terapias físicas e, quando indicado, o uso de cannabis medicinal.
O objetivo não é apenas aliviar a dor, mas reeducar o sistema nervoso para que volte a funcionar de forma equilibrada.
Conclusão: é possível recuperar o controle da dor
Conviver com dor neuropática é um desafio, mas a medicina moderna oferece caminhos eficazes para aliviar o sofrimento.
Com acompanhamento especializado, é possível reduzir a dor, recuperar o sono e voltar a viver com autonomia e qualidade.
Se você sente dores em queimação, formigamento ou choques, agende uma consulta comigo em São Paulo – capital.
Juntos, podemos identificar se se trata de uma dor neuropática e construir um tratamento seguro e moderno para controlar os sintomas.
🩺 Dra. Caio Yano
Ortopedista Especialista em Dor – São Paulo/SP.